Comitê de Gerenciamento Bacia Hidrográfica do 

Rio Tijucas

Estudo da entidade executiva do Comitê Tijucas e Biguaçu, junto ao Governo de Santa Catarina, mapeia a qualidade das Águas Subterrâneas Destaque

08/02/2024

Estudo da entidade executiva do Comitê Tijucas e Biguaçu, junto ao Governo de Santa Catarina, mapeia a qualidade das Águas Subterrâneas
Análise das características e pontos mais vulneráveis vão apoiar a definição de novas políticas públicas para proteção das águas

As águas subterrâneas ainda são pouco estudadas, apesar da sua importância no abastecimento das cidades e outras diferentes formas de uso, seja na irrigação, nas indústrias ou no turismo. Em Santa Catarina, além do conhecido Aquífero Guarani, há outras reservas subterrâneas. Na Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas e do Rio Biguaçu, por exemplo, existem 227 usuários de águas subterrâneas, cadastrados no Sistema de Cadastro Estadual de Usuários de Água de Santa Catarina (CEURH) e no Sistema de Outorga de SC (SIOUT SC), com diferentes finalidades, como irrigação, criação animal, mineração, uso industrial, abastecimento público e consumo humano.

Para mapear as características dos aquíferos, os riscos, possíveis indícios de contaminação, bem como a qualidade das águas subterrâneas, está em andamento um grande estudo sobre os aquíferos de Santa Catarina, realizado pelas entidades executivas dos Comitês de Bacia Hidrográfica, junto ao Governo do Estado. O estudo é realizado de forma descentralizada e na Região Leste está sendo conduzido pelo Instituto Água Conecta, Entidade Executiva do Comitê Tijucas e Biguaçu.

Indícios de contaminação nas águas subterrâneas na Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas e Rio Biguaçu

Nas análises iniciais, foram constatados indícios de contaminação em águas subterrâneas de 12 poços (26% dos poços avaliados) na Bacia do Rio Tijucas e Biguaçu. Em quatro poços, localizados em São José, Biguaçu, Major Gercino e Rancho Queimado foram identificados metais pesados, como chumbo, arsênio ou cádmio. Apesar da baixa concentração dessas substâncias, os dados revelam áreas sensíveis, com possível contaminação do solo e aquífero, com riscos para o uso direto desta água, sem o tratamento adequado.

Outro levantamento é em relação à vulnerabilidade dos aquíferos, isto é, a relação entre suas características naturais, a profundidade da água subterrânea e a susceptibilidade à contaminação. Foi apontado no estudo que os municípios de Porto Belo, Tijucas, Canelinha, São João Batista, Nova Trento, Leoberto Leal, Major Gercino, Biguaçu, Governador Celso Ramos e Angelina, estão localizados em áreas de vulnerabilidade alta ou extrema.  

Outro aspecto regional, está relacionado ao uso comum de poços rasos tipo ponteiras, que, pela facilidade da instalação, implica na utilização da água subterrânea sem as devidas precauções, o que também acaba expondo os aquíferos aos contaminantes por fontes antrópicas como o esgoto que vem de sistemas inadequados de tratamento.

Segundo a Dra. Camila Marcon Leite, especialista em Águas Subterrâneas e integrante da equipe responsável pelo estudo por meio do Instituto Água Conecta, “os resultados iniciais deste trabalho, apontam as regiões que requerem atenção devido à vulnerabilidade natural dos aquíferos e a possibilidade de contaminação. Associado a isso, estão sendo identificadas áreas de grandes demandas por água subterrânea. Ressalta-se a importância do fortalecimento da gestão integrada dos recursos hídricos subterrâneos considerando seus aspectos quali-quantitativos.”

Com as informações mapeadas, espera-se que sejam definidas ações de prevenção, proteção e controle da poluição do solo e das águas subterrâneas no Estado. Tais dados também irão integrar o Enquadramento dos Corpos Hídricos das Bacias Hidrográficas do Rio Tijucas e do Rio Biguaçu.

Para o Presidente do Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas do Rio Tijucas, do Rio Biguaçu e bacias contíguas (Comitê Tijucas e Biguaçu), Danilo Funke, os dados de águas subterrâneas fornecem “uma ideia relativa da realidade no que se refere a vazões, disponibilidade e escassez de água, demandas e riscos, principalmente para expansão de atividades que exigem o consumo de água, incluindo o fator de qualidade, fortemente limitante para os diferentes usos da terra”.

Preocupação com as águas subterrâneas cresce no mundo 

Um novo estudo realizado pela Universidade da Califórnia e publicado pela Revista Nature, no dia 24 de janeiro, analisou 170 mil poços de águas subterrâneas nas duas últimas décadas em mais de 40 países, e constatou que em quase um terço dessas reservas houve uma redução acelerada de água doce.

A pesquisa apontou que, entre os anos 2000 e 2022, houve uma redução de meio metro do nível de água por ano em 12% dos aquíferos mapeados, enquanto em 36% foi identificada uma redução de 10 cm no nível de água. Os dados analisados no período indicam uma aceleração na queda dos níveis de água subterrânea, por conta das mudanças climáticas e uso antrópico, que podem piorar e provocar a escassez de água em diversos países, prejudicando o abastecimento, uso na agricultura e outras atividades.

Em paralelo à divulgação desse estudo, no Brasil, também no dia 24 de janeiro, foi publicado no Diário Oficial da União, um acordo do país com a Argentina, Uruguai e Paraguai, que trata do uso compartilhado sustentável e proteção do Sistema Aquífero Guarani. A reserva de água subterrânea ocupa mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, com 8 Estados brasileiros, incluindo Santa Catarina, sendo considerada umas das maiores e mais importantes do mundo.

 

O estudo completo será divulgado nas próximas semanas no portal do SIRHESC. Para mais informações entre em contato com o Comitê Tijucas e Biguaçu ( O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ).

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