A lei 14.609/2023 instituiu o Dia Nacional do Plantio Direto, comemorado anualmente no dia 23 de outubro, busca valorizar essa prática da agricultura sustentável que tem raízes brasileiras e se tornou referência no mundo inteiro. Essa data homenageia a realização da primeira experiência com o plantio direto em lavoura de soja realizada no Brasil, em 1972, na Fazenda Rhenânia, propriedade de Herbert Bartz, em Rolândia, no Paraná.
Os 200 hectares em 1972 evoluíram e atualmente ocupam mais de 33 milhões de hectares no Brasil, considerando apenas culturas anuais. No ano de 2000 o modelo de agricultura brasileira baseado no Sistema Plantio Direto foi reconhecido e indicado pela FAO como modelo a ser seguido pelo mundo para significativa importância no cuidado, na conservação do solo e sua vida, sendo possível ser utilizado por todos tamanhos de propriedades rurais, culturas agrícolas e sistemas integrados, sendo chamado de Agricultura Conservacionista (Conservation Agriculture) pela FAO.
O Sistema Plantio Direto é um sistema de produção agrícola conservacionista regido por três princípios: 1 - mínimo revolvimento do solo; 2 - manutenção permanente de cobertura no solo (viva e morta); 3 - rotação e diversificação de culturas, incluindo o uso das plantas de cobertura, também conhecidas como adubos verdes.
Em Santa Catarina, o Sistema Plantio Direto é uma das práticas sustentáveis que recebem atenção da Epagri nas áreas de pesquisa agropecuária e extensão rural. A Empresa apoia as iniciativas para implantação do plantio direto em lavouras catarinenses desde a década de 1980 e é pioneira no desenvolvimento do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH).
O SPDH é resultado do trabalho conjunto de equipes de pesquisa e extensão rural da Epagri com agricultores familiares de várias regiões do estado. Difundido como uma transição da agricultura convencional para a agroecológica, ele permite reduzir o uso de agrotóxicos e adubos altamente solúveis até eliminá-los das lavouras. As bases fundamentais e as tecnologias geradas por esse sistema já alcançam o território nacional e até mesmo algumas experiências internacionais.
O SPDH prevê uma série de práticas conservacionistas. A principal delas é a proteção permanente do solo com palhada, utilizando plantas de cobertura para formar biomassa. Essas plantas, também chamadas de adubos verdes, servem para melhorar a biologia e fertilidade do solo, além de proteger esse recurso natural, já que ele fica sempre coberto.
A cobertura vegetal ajuda a reduzir o surgimento de plantas espontâneas, combater a ocorrência de pragas e doenças e diminuir o uso de adubos químicos e agrotóxicos.
Além das plantas de cobertura, também permanecem na área de plantio os restos vegetais de culturas anteriores. O revolvimento do solo é restrito à linha de plantio e, nessa área, o agricultor deve praticar rotação de culturas. Santa Catarina conta com cerca de 4 mil hectares de hortas conduzidas nesse sistema. A meta da Epagri é que até 2030 toda a produção catarinense de hortaliças seja proveniente de SPDH.
O Dia Nacional do Plantio Direto em 2024 vai reunir iniciativas em prol da agricultura sustentável. Neste sentido, a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP), em parceria cativa com a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), está conclamando instituições, entidades, empresas ou mesmo produtores ligados a uma proposta de agricultura ambientalmente responsável e produtiva a, durante o mês de outubro, promoverem em suas regiões de atuação eventos e atividades que suscitem a divulgação, promoção e consolidação do Sistema Plantio Direto.
No Mapa de Ações da Semana do Dia Nacional do Plantio Direto de 2024, foi incluída a ação disponível no site https://plantiodireto.org.br/mapa-spd
Esta matéria é um ato comemorativo para celebrar o Dia Nacional do Plantio Direto junto a Câmara Técnica do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio das Antas, Bacias Contíguas e Afluentes Catarinenses do Rio Peperi-guaçu, que integra a região hidrográfica 1 no Extremo Oeste de Santa Catarina.
Texto escrito pelo engenheiro agrônomo Clístenes Antônio Guadagnin, representante titular da EPAGRI e Secretário executivo do Comitê Antas e Afluentes do Peperi-guaçu.