No dia 22 de julho, segunda-feira, foi realizado o 1° Seminário sobre Emergência Climática nos Territórios do Sul da Palhoça, no Salão Paroquial da Pinheira, em Palhoça (SC). Organizado pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental Núcleo/SC, pelo Coletivo Ekoa, pela Associação Guarda do Embaú e ainda, a Rádio Comunitário da Pinheira, o seminário contou com a participação da comunidade, e reuniu especialistas para discutir os desafios e riscos climáticos enfrentados pela planície costeira da região.
Haliskarla Moreira de Sá, membro do Comitê Cubatão e Madre pela Fundação Mata Atlântica e Ecossistemas Querência da Amizade (FMAES), participou da organização do evento e destacou a importância do encontro “Acreditamos que a realização de um evento popular que mobilize a sociedade e o poder público é de suma importância frente à ocorrência de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes aqui e ao redor do mundo. Há poucos meses vivenciamos a tragédia do RS, estamos acolhendo refugiados climáticos dessa região. Mas, vivenciamos também diversos episódios de alagamentos e inundações na Baixada do Maciambu nos últimos anos”.
Durante o evento, foram lembrados episódios críticos que afetaram a região, como o ciclone de 2020, que afetou as residências próximas à foz do Rio da Madre na Guarda do Embaú. Em 2022, fortes chuvas deixaram submersa a comunidade de Morretes, localizada às margens do mesmo rio, causando o desabastecimento de água de grande parte da Baixada do Maciambu pelo rompimento dos dutos instalados em áreas instáveis, às margens do rio.
Também foram recordados os incêndios florestais, que entre os anos de 2019 e 2020, resultaram em perdas significativas para a biodiversidade da Mata Atlântica protegida pelo Parque do Tabuleiro e colocaram em risco, inclusive, a população em seu entorno. Em todos os casos, ficou claro o aumento da intensidade dos fenômenos climáticos e dos riscos para a população em decorrência da histórica ocupação de áreas vulneráveis.
Plano Diretor e Emergências Climáticas
Haliskarla alertou para a falta de um planejamento territorial que leve em conta as mudanças climáticas e os desafios ambientais. “A urbanização continua avançando sobre essas áreas e não temos no município um planejamento territorial sensível ao aumento do nível do mar e a ocorrência de eventos extremos, como: estiagem prolongada, chuvas intensas e ciclones extratropicais. Tão pouco há uma política habitacional que garanta o acesso da população a áreas seguras, sobretudo para a população mais pobre e socialmente vulnerável.”
Nesse sentido, o planejamento territorial participativo e responsável, com base científica e regenerativa do ambiente, deve incluir a discussão de cenários futuros frente às mudanças climáticas. "O próximo passo será a realização de encontros específicos para aprofundar esse debate e construir diretrizes para políticas públicas que garantam a justiça climática no território", reforçou Haliskarla.
O seminário destacou a necessidade urgente de medidas preventivas e de um Plano Diretor que contemple a regeneração ambiental e a proteção das comunidades mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.
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