O 2º ciclo do Seminário Virtual “A Água nos Une e o Clima nos Move”, realizado em 29 de maio, reuniu especialistas para aprofundar o debate sobre os desafios climáticos e hídricos enfrentados pelas bacias dos rios Araranguá, Mampituba e Urussanga. Os Painéis 3 e 4 abordaram, respectivamente, o diagnóstico técnico das águas superficiais e subterrâneas e as estratégias baseadas na natureza para adaptação climática.
No Painel 3 – Diagnóstico das Águas Superficiais, Subterrâneas e do Clima, os principais destaques foram:
-
Engenheiro Agrônomo e Dr. Márcio Sônego (CIRAM-EPAGRI) apresentou dados históricos da estação meteorológica de Urussanga (desde 1912), evidenciando um aumento de 0,8 °C na temperatura média anual e uma redução significativa das geadas e horas de frio, impactando culturas como maçã e uva. Enfatizou que “a agricultura será a primeira a sofrer os impactos das mudanças climáticas”.
-
Engenheiro ambiental e Dr. Albert Teixeira Cardoso (Serviço Geológico do Brasil – SGB) trouxe uma análise detalhada sobre as águas subterrâneas, alertando para a urgência de ampliar as redes de monitoramento e qualificar os dados de qualidade e quantidade da água. Defendeu o uso estratégico dos aquíferos e políticas públicas baseadas em informações hidrogeológicas consolidadas.
-
Geógrafa e mestranda Mariana Dias Ramos (MapBiomas Águas) compartilhou dados alarmantes: entre 1985 e 2022, o Brasil perdeu 6,7% da sua superfície de água — no sul catarinense, a perda foi de 3,5%. Ressaltou a importância das imagens de satélite como ferramentas fundamentais para conservação, rastreamento de impactos e formulação de políticas ambientais.
No Painel 4 – Soluções Baseadas na Natureza e Adaptação Climática, o foco esteve em iniciativas práticas e sustentáveis:
-
Bióloga e Especialista Juliane Freitas (Fundação Grupo Boticário / Observatório da Governança das Águas – OGA) defendeu as Soluções Baseadas na Natureza (SbN) como alternativas eficazes e de baixo custo. Exemplificou com projetos de restauração de matas ciliares e proteção de nascentes, ressaltando seus benefícios múltiplos: segurança hídrica, biodiversidade e redução de riscos climáticos.
-
Arquiteta e mestranda em Ciências Ambientais Riciane Pombo (ReDUS) apresentou ações urbanas sustentáveis como jardins de chuva e reabilitação de áreas úmidas. Destacou o papel da educação ambiental e da ciência cidadã, e reforçou a importância de inserir SbN no planejamento urbano e nos planos diretores municipais. Finalizou com a reflexão: “As soluções estão na natureza, mas dependem da nossa ação coletiva”.
O seminário reafirmou que o caminho para a resiliência climática passa por ciência aplicada, governança participativa e integração entre natureza e território. A construção de soluções começa com conhecimento técnico, compromisso político e mobilização social.
A gravação pode ser acessada em: <https://www.youtube.com/live/RoUWVpuxW0Y>.