Confira uma entrevista com Nélcio Lindner, representante da instituição no Comitê do Itajaí
A ACAPRENA é a ONG mais antiga da região sul, e foi aprimeira organização ambiental de Santa Catarina, fundada em 5 de maio de 1973, a partir da inquietação de jovens estudantes em um cenário mundial focado no desenvolvimento econômico e com pouca preocupação sobre os impactos no meio ambiente. No Brasil, outras iniciativas já começavam a despontar em São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Mas foi nas salas e espaços da FURB de Blumenau, com a organização de estudantes de história natural, que a ACAPRENA foi fundada e se tornou uma importante organização em Santa Catarina.
Em 50 anos de história, a entidade participou de inúmeras discussões, movimentos ambientais e realizou várias ações de conscientização e educação, como as excursões em pontos de preservação no Estado. O grupo também esteve envolvido diretamente na criação da Fundação de Amparo à Tecnologia e Meio Ambiente (FATMA), hoje conhecida como Instituto do Meio Ambiente (IMA), em 1975.
Atualmente, a ACAPRENA faz parte do Comitê do Itajaí, do CONSEMA e vários outros Conselhos ambientais, como o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Blumenau, o Conselho Municipal de Saúde de Blumenau e o Conselho Municipal de Planejamento de Blumenau. Além disso, a ACAPRENA foi indicada para compor o CONAMA.
Confira a seguir uma entrevista realizada com o Sr. Nélcio Lindner, um dos fundadores da organização e atual representante da ACAPRENA no Comitê do Itajaí!
A ACAPRENA foi pioneira no movimento ambiental no Estado quando pouca gente falava ou se preocupavam com essas questões. Vocês sentiam uma certa resistência no começo?
- Nos anos 70, quando a ACAPRENA foi criada, não existia órgão de controle ambiental, fiscalização, Ministério do Meio Ambiente, órgãos estaduais ou municipais, nada. Mas na região, já havia uma grande poluição como no Vale do Itajaí, por exemplo. Então, éramos vistos como “ecochatos” e “biodesagradáveis”. Muitos acreditavam que os recursos naturais eram infinitos, então muitas pessoas não entendiam o nosso trabalho. Mas com o tempo, as coisas começaram a mudar.
O que os novos movimentos e organizações ambientais podem aprender com a ACAPRENA?
- Ter persistência e insistir sempre! A educação ambiental é um longo caminho e de muita tolerância, principalmente para despertar nas pessoas uma nova relação com o meio ambiente, um novo olhar para o mundo e a mudança de comportamentos de consumo e de vida. Então, há muito a ser feito.
Como avalia o impacto das ações realizadas pelo Comitê do Itajaí?
- O Comitê tem um papel extremamente importante pela amplitude da sociedade que ele representa, desde os órgãos públicos e privados, até diferentes setores e interesses de 52 municípios do Vale do Itajaí. Então, isso tem uma força política enorme de propor, solicitar e mediar. E isso é necessário. Então, o Comitê do Itajaí tem uma atuação fantástica.
Na sua visão, quais são os grandes desafios ambientais do Estado hoje?
- A regulamentação do uso das águas ainda é um grande desafio, assim como a aplicação do Novo Marco do Saneamento no Brasil, a classificação dos corpos d’água e fazer com que isso seja respeitado. É realmente lamentável, o derramamento de esgoto, especialmente doméstico, nos corpos hídricos. Outra situação crítica é a forma como a cada chuva, toneladas de solos férteis são arrastadas para dentro das calhas dos rios. Aqui no Rio Itajaí, ou o rio está cinza de esgoto, ou ele está amarelo de argila e barro das lavouras. É um cenário difícil.
Qual o seu grande desejo para os próximos anos da ACAPRENA?
- Que haja pessoas persistentes e teimosas para fazer a diferença! Até hoje, todos os membros da ACAPRENA são voluntários. Então, tudo que fizemos até aqui foi com muito esforço e “comendo pelas bordas”. Atuamos localmente, buscando resolver nossos problemas e trabalhando na sensibilização das pessoas para que elas ajam de forma diferente no futuro.
E depois de 50 anos, qual é e continua sendo a principal missão da ACAPRENA?
- A nossa grande missão é mudar o comportamento das pessoas e sensibilizar para que elas harmonizem a sua relação com o meio ambiente.
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O Sr. Nélcio Lindner foi um dos fundadores da ACAPRENA e que continua até hoje, 50 anos depois, ao lado dos outros fundadores Lauro Eduardo Bacca, Alceu Natal Longo, Marlene Lauterjung, Nicanor Poffo e Nivia da Silva.
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