A elevada turbidez da água é um dos maiores desafios registrados na Bacia do Itajaí. Provocada pela erosão do solo, o fenômeno torna a água turva e escura, e dificulta desde o tratamento de água, causando interrupções no abastecimento, até prejuízos financeiros para a gestão pública. Diante desse cenário, o Comitê do Itajaí elaborou um Relatório técnico especial sobre a Turbidez da Água, em que são apresentados dados sobre o cenários de turbidez na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, ações já desenvolvidas e recomendações para os municípios.
O material lançado no final de setembro, visa ampliar as discussões sobre as principais causas da turbidez na região, bem como soluções possíveis no curto, médio e longo prazo. O relatório é destinado aos profissionais da área ambiental, gestores públicos, bem como pesquisadores, técnicos e moradores da região.
Relatório apresenta histórico da turbidez na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí
Para compreender a dimensão e o impacto da turbidez da água, os membros da Câmara de Assessoramento Técnico (CAT) do Comitê do Itajaí reuniram dados das empresas de abastecimento público dos municípios de Blumenau, Brusque, Itajaí, Ituporanga, Rio do Sul, Ascurra, Indaial e Timbó, com apoio da Associação dos Municípios do Vale Europeu (Amve). Foram utilizados dados de água bruta das ETAs para análise das médias mensais de turbidez do ano de 2023 e o valor máximo mensal obtido nas medições para os anos de 2023, 2022 e 2021.
Um dos destaques das análises realizadas foi a identificação dos meses com maior registro dos casos de turbidez, com valores mais elevados em dezembro, janeiro, fevereiro e março, que correspondem aos períodos de chuvas e tempestades de verão. Além disso, foram identificados os municípios com maiores taxas de turbidez, com destaque para Ituporanga e Rio do Sul, localizados na sub-bacia do Rio Itajaí do Sul.
Impactos da turbidez
A elevada taxa de sedimentos prejudica os serviços básicos de saneamento nos municípios da Bacia do Itajaí. A turbidez dificulta os processos de tratamento e desinfecção da água, nas Estações de Tratamento de Água (ETAs), que precisam aumentar a dosagem de produtos no tratamento e muitas vezes realizar manobras operacionais.
O aumento da turbidez das águas, principalmente em estações chuvosas, exige intensificação dos procedimentos operacionais realizados nas ETAs, que são usuais, mas devem ser executados com maior frequência, tais como alterações nas dosagens de químicos, descargas/limpezas de decantadores, retrolavagens de filtros, ou até a suspensão do tratamento.
Com isso, o abastecimento público de água pode ficar comprometido por dias. Além dos desafios na qualidade e tratamento da água, a turbidez provoca uma série de problemas secundários como o impacto financeiro e social, uma vez que as áreas mais vulneráveis acabam sendo mais prejudicadas.
Um dos dados destacados no Relatório da Turbidez, é o gasto da Superintendência do Porto em Itajaí, que investe mensalmente cerca de R$ 6 milhões na dragagem do canal de acesso aos terminais, para lidar com a erosão e a turbidez da água.
Ações no curto, médio e longo prazo para minimizar a turbidez da água na região
A turbidez da água é um problema complexo e histórico na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, e não tem uma solução simples e rápida. Para minimizar os seus impactos e problemas, é preciso agir de forma conjunta, aplicando práticas e programas de conservação do solo. No Relatório são apresentadas recomendações de curto, médio e longo prazo para os gestores públicos, educadores ambientais e profissionais da área, com a recomendação de estudos, campanhas de conscientização, criação de bancos de dados e capacitações.
Também são recomendadas a implementação do Programa “Pagamento por Serviços Ambientais” e do Programa “Microbacias”, prioritariamente na sub-bacia do Rio Itajaí do Sul, além da implementação de programas e ações do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí, tais como o Programa de recuperação de matas ciliares, de Manejo rural e Programa de redução de sedimentos. Outra recomendação é o incentivo ao Governo do Estado para implementação de programas de monitoramento de qualidade de água com dados de sedimentos e turbidez dos rios, além da criação de Banco de Dados estadual, em parceria com outros órgãos como Defesa Civil e EPAGRI.
Todas as recomendações e informações completas do estudo sobre a turbidez da água, podem ser acessadas no Relatório disponível no link a seguir: https://www.aguas.sc.gov.br/jsmallfib_top/Comite%20Rio%20Itajai/Legislacoes/Comite/deliberacoes/44-Deliberacao-Aprova-relatorio-turbidez-Bacia-do-Itajai.pdf . O resumo do material pode ser acessado no informativo especial a seguir: https://mailchi.mp/2d84defecbfc/informativo-especial-do-comit-do-itaja
No material, ainda constam as ações realizadas nos anos anteriores pelo Comitê do Itajaí, relacionadas ao tema, com treinamentos, publicação de documentos e envio de propostas de regulamentação na região.