Experiências de Santiago no RS, Nova Veneza, Lages, Florianópolis e Santa Catarina inspiram ações sustentáveis no painel "Resíduos e Gestão Sustentável"
O segundo encontro do Curso de Formação de Professores(as) em Educação Ambiental: Água, Solo e Justiça Climática, realizado virtualmente no dia 16 de julho de 2025, reuniu experiências inspiradoras de diferentes municípios e instituições do Sul do Brasil no painel “Resíduos e Gestão Sustentável — A Educação Ambiental como Ferramenta de Transformação”.
A engenheira ambiental Lara Possamai Wessler, do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e presidente Comitê Urussanga, apresentou o Programa Penso, Logo Destino (PLD), destacando a importância da logística reversa na economia circular. Segundo ela, “Hoje, 90% dos municípios catarinenses aderiram ao programa. A meta é atingir 100% até o próximo ano!”. Lara também enfatizou o papel das escolas como aliadas estratégicas na mobilização social: “As parcerias são firmadas com os municípios, mas estes podem articular com escolas e comunidades para ampliar o alcance.”
De Nova Veneza/SC, o engenheiro ambiental Juliano Mondardo DalMolin, vice-presidente do Comitê Araranguá Mampituba, e a coordenadora de resíduos sólidos Deise de Menech Somariva, da FUNDAVE, compartilharam os avanços do Programa Recicla Veneza. “O custo do Recicla é menor do que enviar os resíduos ao aterro. O município só redireciona o recurso, e tudo fica na economia local. É eficiência ambiental e social”, afirmou Juliano. Deise acrescentou: “As pessoas querem reciclar. Só precisam de oportunidade e incentivo. O Recicla oferece os dois.”
Com ampla atuação em Lages/SC, Silvia de Oliveira destacou como a mobilização popular e a atuação das escolas têm sido decisivas: “Trabalhar com resíduos é trabalhar com saúde, educação, água, clima e justiça social.” E reforçou: “Quando a gente mistura tudo e joga no saco preto, estamos enterrando oportunidades. Precisamos separar, valorizar e transformar.”
O professor Dr. Germano Glüttler, da UDESC, apresentou os resultados do projeto Lixo Orgânico Zero, que atingiu a marca de 23 mil toneladas de resíduos orgânicos reduzidos em 12 anos, com quase metade da população de Lages praticando compostagem doméstica. Para Germano, o segredo está na educação infantil: “Um programa voltado a crianças de 4 a 9 anos é a chave para zerar o lixo orgânico. Basta 8 aulas de 20 minutos. Custa pouco e muda tudo.”
A experiência do município de Santiago/RS foi apresentada por Andressa Martinelli e Gaspar, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com destaque para o projeto Pila Verde, criado durante a pandemia e que completou cinco anos em 2025. A iniciativa envolve uma moeda social com valor simbólico de R$1, que é trocada por cada quilo de resíduo orgânico entregue para compostagem. “A compostagem é uma solução simples, de baixo custo e de grande impacto local. E quando associada à educação, transforma hábitos, comunidades e territórios.” — destacou Andressa.
Encerrando o painel, Isabela Tsutiya, engenheira sanitarista e técnica do CEPAGRO (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), compartilhou mais de 20 anos de atuação da organização com compostagem, hortas pedagógicas e educação agroecológica em escolas públicas de Santa Catarina. “A horta é uma ferramenta poderosa de educação ambiental, alimentar e nutricional. E deve estar a serviço da saúde, da autonomia e da conservação ambiental.” — afirmou.
O encontro reafirmou a centralidade da educação ambiental como caminho para soluções sustentáveis, de baixo custo e alto impacto. A gestão adequada dos resíduos sólidos, especialmente os orgânicos, revelou-se estratégica não apenas para a saúde ambiental, mas também para a promoção da justiça social e climática nos territórios. Fazer a gestão dos resíduos é cuidar da água.