Evento nacional reúne mais de 1200 pessoas e revela que crise do abastecimento hídrico pode ser revertida com ações conjuntas e participação da sociedade civil organizada.
Por William Wollinger Brenuvida
O mais importante de um encontro coletivo, assembleia, ou reunião colegiada, é que ela traga exemplos 
exitosos, tentativas esperançosas, e a certeza de que a insistência das ações possa convergir para um futuro melhor. A décima sétima edição do Encontro Nacional de Bacias Hidrográficas (Encob), 4 a 9 de outubro, em Caldas Novas, Goiás, mostrou muitos aspectos importantes – principalmente para o Estado de Santa Catarina. O ponto positivo foi a escolha de Florianópolis para sediar o Encob 2018. O ponto negativo foi a constatação de que o Estado de Santa Catarina não está investindo na Política Estadual de Recursos Hídricos, restando em último lugar no ranking nacional.
Com o lema: “Comitê de bacia: solução para a gestão das águas”, o Encob 2015 pode avaliar ainda mais a importância das experiências dos diversos comitês espalhados pelo país. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas apresentou o Pacto de Recuperação pela Mata Ciliar. Para melhor dialogar com a população da bacia, o comitê criou a Maratona Fotográfica, os Concursos de Redação e Desenho, e campanhas de limpeza de rios e praias – sempre com parcerias público-privadas, principalmente de escolas. Atualmente são mais de 50 propriedades cadastradas, em 14 municípios da área de abrangência da bacia hidrográfica, e com a destinação de mais de 6 mil mudas nativas.
O Encob 2015 mostrou a força dos comitês catarinenses. A delegação catarinense reuniu 10 comitês de bacias: Antas, Camboriú, Canoas, Chapecó/Irani, Cubatão, Itapocu, Peixe, Tijucas, e Urussanga. Se o diagnóstico nacional da Agência Nacional das Águas (ANA) apontou Santa Catarina como último estado da federação no ranking de investimentos em recursos hídricos – Santa Catarina chegou a devolver dinheiro sem utilizar.
O Fórum Catarinense de Bacias Hidrográficas representado por 28 participantes subiu o tom para denunciar o descaso da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável que além de deixar de investir na Política Estadual de Recursos Hídricos, também realizou manobra política na escolha dos novos consultores sem a opinião dos 16 comitês estaduais – ferindo princípios democráticos e constitucionais. O Fórum Catarinense também defendeu o nome de Florianópolis como sede do Encob 2018.
A união das duas chapas na eleição do Fórum Nacional foi destaque. O feito mostra o amadurecimento e o fortalecimento dos comitês de bacias em todo Brasil, e certamente vai trazer mais benefícios à sociedade brasileira. Exemplos positivos em todo país mostram que o engajamento na defesa da água é cada vez maior, e pode também projetar ações coletivas em todas as áreas do conhecimento humano.
Quando pessoas de diversas regiões do país se mobilizam para um encontro que reúne mais de 1200 pessoas, significa que a água é, de fato, uma gota de vida, um rio de esperança para toda humanidade.
(*) William Wollinger Brenuvida, jornalista 5177/SC.
