Comitê de Gerenciamento Bacia Hidrográfica do 

Rio Tijucas

O PACTO DO BEM Destaque

21/09/2015

COMITÊ APOIA INICIATIVA DE ONG AMBIENTAL EM AÇÃO QUE PODE TRANSFORMAR GOVERNADOR CELSO RAMOS EM UM DOS PILARES DO PACTO PARA RECUPERAÇÃO DA MATA CILIAR. ATÉ O ANO DE 2016, É PREVISTA A RECUPERAÇÃO DE 50KM² NO ÂMBITO DA BACIA.

Por William Wollinger Brenuvida, jornalista

Aroma de hortelã com gengibre, ambiente rural, gente jovem reunida. Ao redor da mesa da família Menegaz de Andrade, além dos sabores coloniais, também saberes compartilhados. Enquanto o gatinho cinza de olhos azuis se enrosca nas pernas da pedagoga Andreia de Oliveira, o companheiro dela, o engenheiro agrônomo e presidente do Instituto Çarakura, Percy Ney Silva, o Ney, fala que o reencontro com a floresta vai além da técnica, e das iniciativas teimosas do grupo que coordena. Na manhã da sexta-feira, 18, o El Niño deixou setembro com cara de verão, um clima que na visão de Ney, a cada ano, exige mais dos filhos da Terra. Foi nesse clima descontraído que se conheceu um pouco mais do Pilar, sigla para Private Investments for Landscape Restoration (Projeto Investimentos Privados em Restauração da Paisagem). O PILAR é um projeto piloto que tem o apoio internacional da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) e tem o Município de Governador Celso Ramos/SC como área de atuação. A inserção do Pilar em Governador Celso Ramos envolve empresas, organizações governamentais, e também não-governamentais. Tarefa árdua que se faz com conversa ao redor de uma mesa com aromas e saberes diversos, com ambiente que permita o trabalho coletivo, com gente jovem reunida.

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Indicadores econômicos que reforçam a importância do Pilar

O Brasil tem um passivo ambiental em recuperação de florestas que ultrapassa 20 milhões de hectares. No contexto desse passivo ambiental, o Estado de Santa Catarina responde com 177 mil hectares, de uma área total de aproximadamente 6 milhões de hectares. Quando o Instituto Çarakura buscou na UICN formas para implantar o Pilar em Governador Celso Ramos teve que realizar um diagnóstico para compreender os aspectos socioeconômicos e socioambientais pelos quais o Estado de Santa Catarina se desenvolveu.

De acordo com o site Santa Catarina Brasil Oportunidades & Negócios, o trabalho familiar em Santa Catarina, em pequenas propriedades tem pó característica o agronegócio e representa 20% do PIB do Estado, e aproximadamente 6,5% do País. Esse dado é importante porque ele influencia diretamente no trabalho do projeto Pilar. A pequena propriedade rural em Santa Catarina é responsável por beneficiar a Economia, evitando a concentração de terra em latifúndios. Ocorre que a pequena propriedade rural torna o trabalho da recuperação da mata ciliar, e consequentemente da Mata Atlântica difícil porque a paisagem é fragmentada vai exigir além do diálogo com os proprietários, parcerias capazes de superar essa característica marcante no Estado, menciona o Coordenador do PILAR, o biólogo Miguel Moraes.

SANTA CATARINA

  • 5,9 milhões de hectares em estabelecimentos agropecuários;
  • 91% são propriedade de quem os explora – desses, 85% têm título de posse e apenas 6% não têm;
  • De todos os estabelecimentos agropecuários catarinenses, 89,5% têm menos de 50 hectares;
  • Pequenos estabelecimentos são responsáveis por 70% da produção agropecuária de SC. São mais de 240 mil pessoas empregadas no setor, 17% da força de trabalho do Estado.

Fonte: site Santa Catarina Brasil Oportunidades & Negócios

Moraes é mestre em botânica e representante no Brasil da UICN. Ele afirma que o novo código ambiental impõem desafios, e nesse contexto é preciso dialogar com proprietários rurais que em Santa Catarina respondem por 17% da força de trabalho no Estado. “Quando você fala em recuperar 5 metros das margens dos rios em Santa Catarina, você não está deixando de aplicar a lei federal, mas trabalhando num consenso para permitir equilíbrio econômico e conservação da Mata Atlântica. O desafio é mediar conflitos e garantir a sobrevivência das espécies”, declara Moraes.

SANTA CATARINA é o maior produtor nacional de ostras e mexilhões cultivados. A atividade envolve cerca de mil famílias, resultando em torno de 6 mil empregos diretos e indiretos. A área total de criação atinge 900 hectares, divididos em 12 parques aquícolas. Mais de 90% da produção brasileira saem de águas catarinenses, num volume anual de cerca de 15 milhões de toneladas.

Fonte: site Santa Catarina Brasil Oportunidades & Negócios

Governador Celso Ramos é um Município litorâneo, mas tem um percentual da economia na agricultura e pecuária, que segue o modelo de pequenas propriedades rurais. Quando o Instituto Çarakura buscou implantar o projeto Piloto como piloto, no bairro de Areias de Baixo, contou com adesão da família Menegaz de Andrade que viu na iniciativa uma forma de melhor aproveitamento da propriedade rural. Para Ana Carolina Menegaz, uma das proprietárias do sítio, o projeto Pilar deu novo ânimo na ideia de aproveitamento do espaço da terra. “Nós estamos transformando o sítio num local de visitação, onde as pessoas poderão saborear produtos coloniais e aproveitar um ambiente limpo, saudável, na beira do rio que vai contar com árvores e plantas medicinais”, afirma Ana Carolina.

Com mais de 75% da economia voltada a pesca e maricultura, o Município de Governador Celso Ramo, a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Maricultura entende que preservar os rios da cidade pode beneficiar direta e indiretamente quem tem o mar e o rio como base sustento da família. O engenheiro de aquicultura Gil Marcos do Santos é secretário de agricultura, pesca e maricultura em Governador Celso Ramos e apoia a iniciativa do Pilar. “Historicamente, nosso Município começou na agricultura e migrou para pesca e maricultura. Nunca houve uma preocupação com rios e com o próprio mar, assim projetos como o Pilar podem redesenhar o quadro do setor pesqueiro. Vamos unir capacidade de produção com qualidade do produto, seja esse produto obtido na terra ou no mar”, fala Gil Marcos do Santos que ainda cita como positivo o Pacto pela recuperação da Mata Ciliar do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas: “O Pilar vem de encontro ao trabalho do Comitê de Bacia Hidrográfica. Além da propriedade da família Menegaz de Andrade, nós temos pelos menos mais três propriedades rurais em Governador Celso Ramos que estão aderindo ao Pacto pela Mata Ciliar.”, menciona Gil Marcos dos Santos.

O Rio Areias e os parceiros do Pilar

Hoje ele não passa de um regato, um pequeno riacho que apesar das águas perenes e rápidas, se encontra assoreado, retificado em muitos pontos, e ausente de espécies de árvores e plantas da Mata Atlântica costeira. O nosso personagem central é o Rio Areias, que um dia possuiu água em abundância, e leito capaz de suportar pequenas canoas de um pau só, as famosas pirogas que os índios guaranis ensinaram os açorianos a fazer há mais de 200 anos. Os moradores mais antigos ainda comentam dos mergulhos no Rio Areias, e de sua total limpeza. Foi este rio que o biólogo e mestre em botânica Miguel Moraes foi conhecer em parceria de membros do Instituto Çarakura, e de outras entidades, como o Instituto Chico Mendes para Biodiversidade (ICMbio). Moraes que atualmente tem um trabalho mais burocrático em Brasília/DF, viaja o mundo pelo UICN. “Conhecer a realidade do Rio Areias aqui em Governador Celso Ramos, e saber que vocês todos, juntos, estão construindo esse projeto de recuperação, isso nos mostra que o projeto Pilar dará certo aqui e em outras partes do litoral catarinense”, menciona Moraes.

O projeto Pilar busca o mapeamento e classificação de áreas degradadas; pesquisa em design de restauração florestal na escala da paisagem; e a intensificação de atividades de restauração. Desenvolvido pela UICN Brasil, tem a participação do Pacto da Restauração da Mata Atlântica e Ministério do Meio Ambiente. Na região Sul o projeto ocorre em parceria do Instituto ÇaraKura. O objetivo do projeto é estabelecer fluxos financeiros que possam viabilizar o aumento de escala e fortalecimento da cadeia produtiva da restauração. No Brasil o projeto está sendo executado no bioma Mata Atlântica.

PILAR EM TRÊS LINHAS DE AÇÃO:

1ª – consolidação de estudos financeiros e análises;

2ª – estabelecimento de propriedades piloto. Construção de capacidades locais e interação entre setor privado e comunidade. Experiências para aplicações em grande escala;

3ª – sistematização dos aprendizados nos processos nacionais relevantes, amplificação e disseminação de ferramentas de monitoramento existentes, e a incidência política.

Fonte: Instituto Çarakura

O projeto que tem por objetivo investir na restauração da paisagem transplantou mais de 300 mudas que estão na lista de espécies recomendadas para Mata Atlântica somente em Areias de Baixo. São parceiros do projeto: o Instituto Çarakura; o ICMbio (Apa do Anhatomirim); o Centro de Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL); a Prefeitura Municipal de Governador Celso Ramos; a Empresa Sulcatarinense; o Comitê da bacia Hidrográfica do Rio Tijucas; Associação dos Agricultores e Pecuaristas de Governador Celso Ramos; a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) por meio do Núcleo de educação Ambiental do Centro Tecnológico; o Ministério do Meio Ambiente; e a UINC - União Internacional para Conservação da Natureza.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas como parceiro

A iniciativa vai de encontro ao Pacto pela Recuperação da Mata Atlântica do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas, fórum de debates que atua em 13 municípios catarinenses, e que, tem por estimativa a recuperação de 50km² até o ano de 2016. O Comitê que tem 43 propriedades cadastradas, 16 em fase de recuperação, possui 3 propriedades rurais cadastradas em Governador Celso Ramos. Foram distribuídas mais de 3 mil e trezentas mudas, inclusive para as propriedades cadastradas em Governador Celso Ramos, mostrando o compromisso do Comitê que é antes de tudo, um mobilizador quando a palavra é a defesa da água, principalmente para a população da nossa Bacia.

 

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