Câmara Técnica analisa dados de turbidez da água na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí
Os membros da Câmara Técnica do Comitê do Itajaí reuniram-se na 3ª reunião da CAT, no dia 26 de março, para dar continuidade ao estudo sobre os diferentes impactos e causas da turbidez da água nos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí. O objetivo é discutir o problema da alta taxa de turbidez nos corpos hídricos superficiais da Bacia, além de entender os impactos e o cenário da turbidez, a partir de um levantamento de dados históricos na região. O estudo será direcionado aos gestores municipais e população, com recomendações e sugestões de medidas de prevenção e mitigação dos impactos no curto, médio e longo prazo.
A erosão do solo na Bacia dificulta o manejo dos recursos hídricos, resultando no transporte de sedimentos para os rios. Este processo é intensificado pelas chuvas, principalmente em áreas com pouca cobertura vegetal. A alta taxa de sedimentos descarregados nos rios aumenta a quantidade de sólidos e turbidez da água, contribuindo para o assoreamento dos cursos hídricos. A elevação da turbidez impacta na vida aquática, reduz a penetração da luz na água e com isso reduz a fotossíntese dos organismos como fitoplâncton, algas e vegetação aquática.
Outros problemas gerados pela turbidez
Economicamente, a elevada taxa de sedimentos prejudica os serviços básicos de saneamento nos municípios da Bacia do Itajaí. A turbidez dificulta os processos de tratamento e desinfecção da água, nas Estações de Tratamento de Água (ETAs), que precisam aumentar a dosagem de produtos no tratamento e muitas vezes realizar manobras operacionais. Com a elevação da taxa de turbidez nos corpos hídricos, o abastecimento público de água pode ficar comprometido por dias. Além dos desafios na qualidade e tratamento da água, a turbidez provoca uma série de problemas secundários como o impacto financeiro e social, uma vez que as áreas mais vulneráveis acabam sendo mais prejudicadas.
O alto teor de sedimentos carreados para os rios impacta também a mitigação de inundações na Bacia do Itajaí. O assoreamento em barragens de contenção de cheias é um problema existente, que afeta sua eficácia na prevenção às inundações e exige custos para manutenção (desassoreamento).
Além dos problemas relacionados ao tratamento de água e mitigação de desastres, os sedimentos descarregados nos corpos hídricos na Bacia impactam o setor portuário, chegando à foz do Rio Itajaí, demandando ações de dragagem para serem mantidas as atividades nos portos, resultando em mais impactos negativos na economia.
Problema histórico na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí
Apesar das discussões e manifestações recentes relacionadas à turbidez e falta de água nos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, este problema não é novidade. Há várias décadas o problema é registrado na região, com picos pontuais e a intensificação nos últimos anos. No Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Itajaí, publicado em 2010, já eram apontadas ações para reduzir e mitigar o problema. Embora as ações sejam de longo prazo, ainda há pouco apoio junto ao Comitê para auxiliar na implantação dos programas do Plano.
O artigo “Descarga Sólida do Rio Itajaí do Sul mediante aplicação do método simplificado de Colby”, publicado em 2020, na Revista Gestão e Sustentabilidade Ambiental, apresenta os resultados de um estudo sobre a correlação entre a concentração de sedimentos em
suspensão e a turbidez para o rio Itajaí do Sul. O material destaca ainda que na Estação de Tratamento de Água (ETA) do município de Rio do Sul, “o grande aporte de sedimentos no corpo hídrico em períodos pós-chuva, influencia na qualidade e quantidade de água tratada, além de representar um custo mais elevado no tratamento”.
Esses e outros materiais estão em análise pelo grupo, que deve reunir as informações em um documento específico que será publicado e encaminhado aos gestores dos municípios.
Para saber mais detalhes das discussões da Câmara Técnica, acompanhe as publicações nas redes sociais do Comitê do Itajaí.
