A história da humanidade está profundamente ligada aos recursos naturais, eu diria ser indissociável a dependência humana da natureza. Sendo a água sua versão mais profunda dessa ligação, é maternal, é vital. O que mais impressiona, é que até onde se conhece, não existe outro planeta água, não temos outra opção, e ao que parece, cada dia temos menos.
Mas o que acontece com essa interdependência, que só é respeitada pelo lado das águas, que nos serve em abundância dos céus, em beleza de formas e paisagens e em qualidade natural que brota generosa do “fundo da terra”? O lado humano é o mais perverso e o mais estúpido, pois a trata com profundo desprezo e arrogância. Criamos estruturas de poder, de controle e de divisão, que se transformaram em verdadeiros feudos de tomada de decisão, nem sempre levando em conta as profundas, necessárias e crescentes demandas socioambientais.
Através da legislação Federal, Estadual e Municipal estamos ligados a uma rede de Órgãos Governamentais e empresas privadas, que nos fazem crer que com esse “controle” existe uma qualidade e quantidade de recursos hídricos que satisfaçam as demandas da sociedade. Mas o que vemos é uma demanda crescente por recursos, capitaneada por cidades que crescem sem levar em conta aspectos ambientais, um decréscimo da oferta, tanto em qualidade quanto em quantidade e uma guerra estabelecida por esse tão sagrado e necessário bem. Quando falamos em “bem”, o primeiro termo conhecido é o filosófico, o antagonismo do mal, o segundo significado do conceito é o econômico, tudo aquilo que se considera recurso, portanto com valor.
E assim chegamos aos “AMIGOS DAS ÁGUAS”. Pessoas que representam entidades que dedicam-se ao bem filosófico, espiritual e técnico, que atuam legalmente e filosoficamente para proteger, recuperar, sensibilizar e dirimir conflitos pelo tão precioso “bem” e que encontram-se colegiadas, organizadas e tem assento no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas e Biguaçu e Bacias Contíguas, que abrange 14 municípios do estado de Santa Catarina.
No âmbito do Comitê, está sendo executado o maior projeto socioambiental na região. O Pacto pela Mata Ciliar pretende recuperar cerca de cinco mil campos de futebol de áreas degradas na beira de rios na bacia. Projeto premiado e reconhecido nacional e internacionalmente como uma tecnologia social e como boas práticas na área ambiental. Atualmente, também está sendo elaborado o Plano de Bacias, que pretende nos mostrar aonde há água, a quantidade e as condições dessa água na bacia hidrográfica. Entre tantos sonhos, projetos e necessidades, destaca-se de forma urgente o saneamento das nossas águas e a tomada de decisão para resolver de forma plena e definitiva essa situação que nos remete a eras medievais.
Portanto, estamos vigilantes, participativos e unidos na busca de soluções para manter a qualidade e a quantidade de água em nossa bacia. Aos amigos que ainda não conhecem, aos gestores que ainda não entenderam a presença desse órgão ou simplesmente buscam soluções que não as coletivas para problemas coletivos, convido a todos para se juntarem a nós nesse grande projeto. Abraços e Feliz 2018 a todos.
Por Edison Baierle - Presidente Comitê Tijucas Biguaçu
